Existem coisas que me deixam chocada. Uma delas é a falta de vontade de
uma pessoa se colocar no lugar da outra. É tão simples, tão indolor, não
sei por qual motivo a maior parte das pessoas tem essa dificuldade.
Egoísmo é uma palavra feia e que por mim não existiria no dicionário. A
falta do tato, do enxergar o outro, do se colocar na pele, do tentar
entender o que se passa do lado de lá.
Apavorada, vi a notícia do estudante de psicologia que atropelou um
ciclista e não prestou socorro. No atropelamento, o rapaz perdeu o
braço. Mas o estudante, além de ter fugido, jogou o braço do moço em um
córrego. O moço, que era limpador de vidros, estava indo para o trabalho
de bicicleta. Ele perdeu a chance de ter seu braço de volta. Perdeu a
chance de voltar a ter uma vida quase normal. Perdeu a chance de tentar
viver sem traumas.
Me pergunto: que pessoa é essa? Que ser humano consegue carregar um
braço dentro do carro e atirar longe? Que ser humano escolhe tirar a
chance do outro de ter de volta o que é seu? Que ser humano tem o sangue
frio de machucar alguém e fugir sem olhar para trás? Que ser humano é
capaz de simplesmente não se preocupar com o outro? Que ser humano só
enxerga o seu próprio umbigo? Que ser humano é esse que pensa somente em
salvar a própria pele?"Amar o próximo como a si mesmo: fazer pelos outros o que quereríamos
que os outros fizessem por nós", é a expressão mais completa da
caridade, porque resume todos os deveres do homem para com o próximo.
Não podemos encontrar guia mais seguro, a tal respeito, que tomar para
padrão, do que devemos fazer aos outros, aquilo que para nós desejamos.
Com que direito exigiríamos dos nossos semelhantes melhor proceder, mais
indulgência, mais benevolência e devotamento para conosco, do que os
temos para com eles? A prática dessas máximas tende à destruição do
egoísmo. Quando as adotarem para regra de conduta e para base de suas
instituições, os homens compreenderão a verdadeira fraternidade e farão
que entre eles reinem a paz e a justiça. Não mais haverá ódios, nem
dissensões, mas, tão-somente, união, concórdia e benevolência mútua. O
que já não acontece nos dias de hoje.
Que medo desse mundo, que medo. Que medo das pessoas. A cada dia que
passa fico mais receosa. Não sei onde as coisas vão parar. Um estudante
de psicologia, vejam a ironia, não sabe o que significa ser humano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário